Otaviano diz que é preciso humanizar atendimento, contratar mais médicos e corrigir salários dos técnicos de enfermagem
A Câmara Municipal de Ponta Porã realizou na tarde desta segunda-feira, 06 de março, uma audiência pública para debater os atendimentos na saúde do Hospital Regional Dr. José de Simone Netto.
O presidente da Câmara, Otaviano Cardoso, disse que o Poder Legislativo tem a responsabilidade de cuidar dos interesses coletivos e deve ser sempre objetivo de análise dos vereadores. “Nós fomos eleitos vereadores para representar a população e a Câmara Municipal é a casa do povo e o que afeta a sociedade diz respeito aos vereadores. É nossa função legislar e auxiliar o poder público. Esta audiência pública é o meio que criamos como um direito de o cidadão participar ativamente dos acontecimentos da cidade”, alegou Otaviano.
O superintendente técnico do Instituto Gerir, Dr. José Mário Meira Teles, apontou melhorias no Hospital Regional de Ponta Porã desde que passou a ser administrado pela Organização Social, Instituto Gerir. De acordo com ele após a inauguração dos 10 leitos da UTI, o HR passou a ser uma unidade de alta complexidade, ou seja, poderá atender muitos casos no local sem precisar enviar pacientes para unidades fora do município. Dr. José também apontou que aumentou o número de atendimentos e satisfação dos pacientes.
Em sua fala, o ortopedista, Dr. José Vidal fez graves denúncias contra o Instituto Gerir acusando a empresa por formação de quadrilha e desvio de dinheiro público. A pedido do presidente da Câmara de Ponta Porã, Otaviano Cardoso, o texto usado pelo médico em seu pronunciamento foi protocolado na mesa dos trabalhos.
O promotor de justiça, Dr. Gabriel Alves Rodrigues apontou que acompanha os problemas do Hospital Regional desde sua chegada ao município em 2012 e disse que número de mortes no hospital diminuiu nos últimos anos. “A quantidade de mortes diminuiu no Hospital Regional nos últimos anos, mas isso não quer dizer que as condições são melhores”. O promotor também disse que a população não quer discutir saúde, mas quer ter saúde.
A sociedade também utilizou a tribuna para debater sobre as mudanças no hospital. O jornalista, Edmondo Tazza, contou que esteve internado durante 12 dias no Hospital Regional e observou melhorias no ambiente, mas também constatou problemas na informatização. “Os médicos não têm prontuário eletrônico, isso dificulta muito o andamento no tratamento dos pacientes, pois cada vez que volto no hospital sou atendido por um médico diferente que me dá um novo diagnóstico. Desde 28 de novembro já recebi três diagnósticos diferentes”, disse Tazza.
O representante da Associação das Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul, advogado André Costa, disse que a associação trabalha com fatos. “Os fatos que chegaram ao nosso conhecimento dizem a respeito de alguns acontecimentos que extrapolaram o índice de aceitabilidade de ocorrências gravíssimas com vítimas vindo a óbito, em tese indevidamente. Um dos nossos casos, que nós representamos, é da família da Gislaine Costa Perez, que veio a óbito e as circunstancias serão apuradas. O objetivo de todos nesta audiência pública é discutir melhorias no sistema e devemos satisfação para essas famílias que sofreram com as consequências dessas circunstancias. Temos que colher informações e tomar as providencias cabíveis, não estamos aqui para julgar e acredito que as consequências serão propostas no Poder Judiciário”, disse Dr. Costa.
O presidente da Câmara de Vereadores, Otaviano Cardoso e os demais vereadores disseram que têm se reunido constantemente com o Instituto Gerir e com o Estado para discutir o atendimento no Hospital Regional, assim como debater outros problemas como o salário dos servidores, humanizar atendimento, contratar mais médicos.
Os parlamentares parabenizaram os familiares de pacientes que vieram a óbito no hospital pela coragem em estar presente na audiência e disseram que a Câmara Municipal continuará debatendo sobre o assunto e buscando soluções para a população juntamente com o prefeito, Hélio Peluffo.
A audiência pública foi comandada pela mesa de trabalhos composta pelo presidente da Comissão de Saúde, Assistência Social e Seguridade Social, vereador Adão Dauzacker e pelos membros, vereadores Rafael Modesto e Edinho Quintana. O superintendente técnico do Instituto Gerir, Dr. José Mário Meira Teles, o promotor de justiça, Dr. Gabriel Rodrigues Alves, o presidente da Casa de Leis, Otaviano Cardoso, o secretário municipal de Governo e Comunicação, Dr. Eduardo Campos e o deputado estadual, Pedro Kemp também compuseram a mesa. Houve a participação de autoridades, classe médica, enfermeiros e da sociedade civil.
Fonte: Julieta Romeiro
Fotos: Lécio Aguilera
